domingo, 16 de outubro de 2011

Sete Lagoas tem 5.446 famílias na miséria.


Celso Martinelli

A partir do seminário Pobreza e Desigualdade Social, realizado na semana passada em Sete Lagoas pela Assembleia Legislativa, o SETE DIAS solicitou à Secretaria Municipal de Assistência Social, que tem à frente Maria Aparecida França, dados sobre a realidade da população carente no município, e a situação é preocupante. Os números mostram que 5.446 famílias vivem em situação de extrema miséria. “Isso se considerarmos as famílias com renda per capita de até R$ 70. São dados passíveis de alteração, uma vez que nem todos estão com seus cadastros atualizados”, afirma Maria Aparecida França. No total, 8 mil famílias na cidade recebem o benefício do Programa Bolsa Família (PBS), do Governo Federal. 

Segundo a secretária, a maioria destas famílias mora nas regionais dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS I, II, III e I), normalmente situados em bairros de maior vulnerabilidade social, na periferia da cidade. “Em Sete Lagoas temos trabalhado constantemente no limite máximo das cotas de benefícios (Bolsa Família) destinadas para o município. Há pequena variação, para baixo ou para cima, conforme as atualizações cadastrais que são feitas permanentemente e ou de acordo com as revisões cadastrais apontadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome anualmente”, explica. 

Para ver de perto a realidade de uma destas famílias não é preciso ir muito longe. A menos de três quilômetros do centro da cidade, na rua Horácio Índio do Brasil – no bairro Boa Vista – moram cerca de 10 famílias em situação crítica. Não contam com saneamento básico e água ligada nas casas, e a energia elétrica só chegou este ano. Boa parte dos moradores recebe o Bolsa Família. Dentre eles, Maria Tereza Eulásia, que mora em um barracão de dois cômodos – com o banheiro – juntamente com mais sete pessoas. Ela recebe R$ 100,00 por mês do governo federal. “Só aparece gente aqui, os políticos, na época de campanha. Vivemos na miséria”, lamenta.

Maria Eulásia diz que já perdeu as esperanças de uma vida mais digna. Seus pedidos são mínimos. Dentre eles, a construção de uma ponte para ligar a rua - que tem ao fundo o Córrego do Diogo – ao bairro Vapabuçu. “Essa travessia ia facilitar o dia a dia da gente, inclusive para chegar até a Igreja de São Judas Tadeu, pra rezar por dias melhores”, declarou. 

A moradora Ione das Graças Coelho Silva, uma das poucas que trabalham naquela localidade – presta serviço a empresa do ramo alimentício – reside no local há 9 anos. Para ela, a miséria não está somente na falta de dinheiro. “Não há dignidade. Moramos próximos ao centro e não contamos com saneamento básico e água, temos que pegar água na rua de cima, um vizinho nos cede. Além disso, temos que conviver com usuários de drogas que a qualquer hora do dia ocupam esta rua esquecida no meio do Boa Vista”, completa.

Somente em 2006, dados do governo federal apontaram que a estimativa de famílias pobres no município com o perfil para receber o Bolsa-Família somava 8.327. Os números atualizados apresentados por Sete Lagoas são os seguintes: famílias com renda per capita igual a zero, 326; famílias com renda de R$ 0,01 a R$70,00 chegam a 5.120; com renda per capita de R$ 70,01 a R$ 140,00 somam um total de 6.563. E por fim, o total de famílias com renda per capita de R$ 0,00 a R$ 140,00 é de 12.009. Os valores do benefício destinados aos pobres do município variam entre R$ 32 e R$ 306,00 de acordo com a situação de cada grupo de pessoas.

JORNAL SETE DIAS

Nenhum comentário:

Postar um comentário